quinta-feira, 26 de abril de 2012

Reset...

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Nunca fui medrosa para conduzir, mas desde janeiro parece que tenho ganho uma sensibilidade estranha para o que acontece à minha volta quando vou a conduzir. Nos dias em que estou mais stressada e mais atrasada parece-me que fico cheia de tremores e meio paralisada. Nessas vezes conduzo sem ver nada à frente, ligada à realidade pela mecânica automática que une os pés aos pedais e as mãos ao volante e às mudanças.
Sinto-me uma pessoa completamente diferente desde o dia em que um rapaz perdeu a vida porque bateu no meu carro. Um milésimo de segundo que vai ficar para sempre gravado na minha vida. Nas semanas a seguir falei muito sobre isso com a família e com os amigos mais próximos para perceber o que estava a acontecer comigo. Tive ataques de choro, de raiva, de perplexidade, de apatia, mas entretanto percebi que nada disso vai mudar o que aconteceu. Não me consigo conformar com o sucedido, mas aconteceu e a culpa não foi minha. Não quero ficar traumatizada, mas ainda me sinto um bocado afetada pelo acontecido, por isso é que reajo de uma forma atípica quando estou atrás de um volante.
Se antes já era cuidadosa, agora sou mais. Todo o cuidado é pouco e um carro não é mesmo um brinquedo. É uma 'arma' potencialmente fatal. E as coisas não acontecem só aos outros. Aprendi isso da maneira mais dura possível!
[Achei que o mais acertado para ultrapassar tudo isto seria levar a minha vida da forma mais normal possível! Daí nunca ter escrito nada sobre isto ainda. Não é um momento que queira relembrar e isso já me acontece mesmo involuntariamente. Estou a tentar exorcisar estes sentimentos negativos, porque conduzir faz parte da minha vida, numa média de 80-100 km diários e não posso deixar de o fazer...]

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